Por Juliane Barcellos Teixeira - acadêmica de Jornalismo na Unisul
Pessoas de diferentes estilos, raças, opção sexual e uma paixão: cinema. Os pés que levam tênis surrados e pretos guardam uma única expectativa, a de conhecer pela primeira vez o Florianópolis Audiovisual Mercosul, Fam. O evento que traz mostra de filmes, curtas e longa metragens, estandes de universidades e empresas de produção cinematográfica, une pessoas de diversas cidades e até mesmo países.
Em Florianópolis, 28 de Junho de 2011, o acadêmico de Engenharia Ambiental, Luiz Guilherme Lopes, foi prestigiar a mostra de curtas-metragens exibida na Universidade Federal de Santa Catarina. Ao passar pelas portas de entrada deparou-se com uma multidão que aguardava pela mesma mostra que ele. “Eu sempre achei que o cinema catarinense não tivesse um público muito grande, mas estou impressionado”, afirma Luiz.
Um desafio era proposto a quem fosse assistir aos curtas, votar nos dois melhores filmes, que foram exibidos no dia 29 de Junho, no Auditório da Reitoria da UFSC. Dois filmes argentinos, Titanes e Árbol competem com um de Recife, Janela Molhada e outro catarinense A mulher azul.
O estudante de Engenharia Ambiental não acreditava que tantos filmes bons poderiam fazer parte de uma única mostra. Porém, não pôde deixar de comentar sobre o filme Árbol. “É muito importante a essa altura do campeonato lutarmos contra a destruição ambiental. Estou impressionado com a forma poética que a mensagem foi passada no curta-metragem”, conta Lopes.
O filme conta a história de um pai de família que precisa de lenha para aquecer sua casa. Morando em um casebre em condições precárias, o pai zela pela única árvore no meio da seca. Destrói mesa e cama para aquecer a brasa, mas não corta a árvore. Fazendo uma alusão ao livro Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa, pode-se dizer que o dentro do sertão há um mundo que somente ele conhece, e esse mundo é a árvore. "No centro do sertão, o que é doideira às vezes pode ser a razão mais certa e de mais juízo", diz a epígrafe de Guimarães Rosa.
Não se imaginava até a última cena qual seria o desfecho do filme, e no fim só ouvimos “que lindo”, “adorei”, e muitas palmas e gritos para o diretor argentino Lucas Adrian Schiaroli . O curta foi filmado em Carlos Paz, cidade vizinha de Córdoba. Uma frase, também do livro de Guimarães Rosa, traduz a mensagem passada pelo curta metragem: “O sertão está em toda parte, o sertão está dentro da gente”.
Os mesmos tênis surrados que andavam pelo hall de entrada do FAM esperando abrir as portas do auditório Garapuvu para assistir a mostra de curtas-metragens, agora pisam em direção da porta de saída, com sensação de dever cumprido. “Vim conhecer o evento e não achei que pudesse encontrar um filme que fosse voltado para a minha área. Quero mostrar para colegas, pois deveria ser divulgado nas escolas”, diz Luiz Guilherme.
O filme não possui falas e com apenas 10 minutos de duração prendeu o fôlego de Juliana Fragoso, estudante de Publicidade e Propaganda. "Fiquei maravilhada! O diretor, Lucas Adrian Schiaroli , mostrou coisas além das que eu não esperava ver aqui hoje. Seu curta-metragem poderia tornar-se um viral se fosse postado na internet. Vale muito a pena assistir", afirma a estudante.
"Trazer este tema ao FAM mostra o interesse pela preservação. Estou muito feliz de ter participado e ter conhecido o trabalho do diretor. Quero pesquisar e conhecer ainda mais sobre ele", elogia Juliana. A Argentina, país de locação do filme, possui uma imensa área hidrográfica e grande parte de sua vegetação é tropical. Assim como no Brasil, e em grandes partes do mundo, a destruição ambiental tem crescido em um ritmo acelerado. Daí a importância a consciência da preservação do meio ambiente. Como diria Guimarães Rosa: “A colheita é comum, mas o capinar é sozinho!.
A semente foi jogada no ar, ou melhor, na tela. Juan Zoppi, conseguiu transmitir à platéia a idéia de seu curta-metragem, que mostra a relação entre homem e natureza. Um filme sem idiomas e sem fronteiras, Juan acertou na escolha. “Árbol” foi escolhido juntamente com “Janela Molhada” como os melhores filmes da noite.
Até o final da 15ª edição, 1º de Julho de 2011, terão passado pelo Centro de Eventos da UFSC, grandes talentos e muitos admiradores desses trabalhos. Essa semana ainda conta com sessão de autógrafos, lançamento de games, oficinas, exposição e apresentação de bandas da região.
Os acadêmicos da 5ª fase do curso de Jornalismo da Unisul - disciplina Produção em Impressos - sob a supervisão da professora Raquel Wandelli, estão fazendo a cobertura do FAM como atividade curricular do semestre.
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