sexta-feira, 1 de julho de 2011

A hora e a vez do cinema digital

Por Luana Maciel Costa - acadêmica de Jornalismo na Unisul

A tecnologia digital vem ganhando forças a cada ano no mercado doméstico. Hoje é comum ver nas residências um televisor digital, uma câmera digital, até mesmo filmadoras handcam digitais entre outros tantos eletrônicos.

E se tratando de cinema? Hoje, ainda é comum a produção de filmes em película, principalmente no Brasil. Mas o cinema digital já está sendo discutido entre os maiores produtores cinematográficos do mundo. Essa nova maneira de produzir e exibir filmes vem sendo adotada a cada dia nos cinemas do mundo inteiro, e nos próximos anos poderá abolir o modo tradicional analógico.

George Lucas foi o primeiro cineasta a utilizar esse tipo de produção com o filme “Star Wars – Episódio II: O Ataque dos Clones”, em 2002 que foi inteiramente produzido em vídeo digital.

Uma grande vantagem na produção digital é a possibilidade de armazenar e transmitir uma quantidade grande de imagens da mesma forma em que foi gravada, diferente da tecnologia analógica, que perde informação durante a transmissão e pode perder qualidade com o tempo. Produzir cinema digital é muito mais barato e muito menos complicado do que a película. Na edição digital, depois de gravar as cenas, o cineasta pode ir direto para a ilha digital editar o seu filme. Com a película, os cineastas convertem o material em filme para o formato digital e depois convertem novamente para filme, para então serem exibidos. Esse processo é caro e a qualidade de imagem fica um pouco inferior, sem contar que é necessário processar o material bruto antes mesmo de ver as imagens. O diretor pode perder um dia inteiro de filmagem para depois descobrir erros de captação.

Em entrevista para Americam Film Institute(AFI), George Lucas afirma que foi partindo deste aspecto, a facilidade de produção, que optou por seguir a forma digital. Ele afirma que com o digital conseguiu salvar bastante dinheiro, com isto, pode produzir outros filmes logo depois. E disse que na hora da projeção, o aspecto mais inovador do cinema digital é a qualidade da imagem. A primeira vez em que assiste é igual a todas as outras vezes. Já na película, com um certo tempo, a qualidade pode diminuir a cada vez que o filme for exibido, podendo sofrer arranhões e sujeira na imagem.

No Festival de Audiovisual MERCOSUL (FAM 2011), o consultor Dolby em aplicações de cinema e responsável pela finalização de mais de 400 filmes, Carlos Klachqui ministrou palestra sobre essa temática. Segundo Klachqui a grande diferença entre o cinema analógico e o digital é a base de distribuição do filme.

Os filmes digitais podem ser gravados em um DVD e enviados pela internet de banda larga ou via satélite, sem custo nenhum. Hoje, as produtoras ainda gastam muito dinheiro para produzir cópias e gastam muito mais enviando rolos de filmes para os cinemas. Com o digital, as produtoras podem facilmente fazer estreias de filmes em salas do mundo inteiro em um mesmo dia. “Ainda no Brasil o satélite está engatinhando, mas nos Estados Unidos eles utilizam as duas formas para distribuir os filmes nas salas de cinema. Acredito que nos próximos dois anos, todas as salas vão ser convertidas para o sistema digital. Haverá um apagão analógico. No Brasil temos por volta de 2.300 salas de cinema, e em torno de 300 salas com cinema digital DCI. Nos EUA, temos por volta de 35 mil salas, dos quais em torno de 15 mil salas já estão convertidas com este padrão digital”, conta o especialista. Carlos Klachqui explicou todo o procedimento sobre a distribuição dessa nova tecnologia que em sua opinião já é uma realidade econômica. “Segundo estimativas 2 mil salas por mês estão sendo convertidas em todo o planeta. No mundo nós temos hoje cerca de 120 mil salas de cinema”, completa.

O sistema digital DCI (Digital Cinema Initiative) é um padrão inventado pelos estúdios de Hollywood para manter a qualidade de distribuição de seus conteúdos em forma digital. Segundo Klachqui, essa qualidade é igual ou superior a película.

Está claro que, assim como os eletrônicos domésticos, o cinema digital pode ser o inimigo ou o melhor amigo, de acordo com as convicções ideológicas de cada pessoa. Mas uma coisa é certa, a sua existência não pode mais ser negada. A era digital veio para ficar e avança a cada ano com a tecnologia. É claro que esse sistema não irá ocorrer de uma hora para a outra, o cinema velho ainda percorrerá por algum tempo no mundo, mas depois que fixada, o tradicional modo analógico, a película, vai mudar de endereço para os museus eletrônicos antigos, ou quem sabe para as casas de colecionadores e amantes de velharias.

"Acredito que nos próximos dois anos, todas as salas vão ser convertidas para o sistema digital. Haverá um apagão analógico”, Carlos Klachqui.


Os acadêmicos da 5ª fase do curso de Jornalismo da Unisul - disciplina Produção em Impressos - sob a supervisão da professora Raquel Wandelli, estão fazendo a cobertura do FAM como atividade curricular do semestre.

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