quinta-feira, 17 de junho de 2010

Sétima Arte protagoniza mostra em Florianópolis

Por Joana Cabral

Até o dia 18 de junho são 182 horas de exibição de filmes premiados, curtas metragens, filmes infantis, além de debates e Fóruns na UFSC e no Hotel Maria do Mar, no bairro João Paulo, em Florianópolis.



Organizado pela Associação Cultural Panvision, o Florianópolis Audiovisual Mercosul recebeu a inscrição de 551 filmes inscrito e cerca de 140 filmes serão exibidos até o final do evento de forma gratuita à comunidade. Classificados como competitivos, não competitivos e de homenagem, os filmes são oferecidos todos os dias das 9 da manhã às 9 da noite de 11 a 18 de junho.

A mostra tem como objetivo tornar possível uma construção de conhecimento a respeito de cinema e suas várias linguagens. São 182 horas de exibição de filmes premiados, curtas metragens, filmes infantis, além de debates e Fóruns que ocorrem na própria UFSC e no Hotel Maria do Mar, no bairro João Paulo, em Florianópolis. Em todos esses locais instala-se uma forte relação com a imagem, à medida que todos os eventos e ambientes são cercados por câmeras que interagem livremente e registram o festival.

O FAM foi aberto na sexta-feira, dia 11, com a apresentação cultural do grupo Arreda Boi dos ingleses, que mostrou uma das consagradas manifestações folclóricas do lugar. Em seguida uma intervenção paralela, com o grupo de Choro quarteto de Clarinetes Nó na Madeira.

Visões, técnicas, fotografia, figurino, informações, dinamicidade, estão unidos para atrair o espectador no período que vai de 11 a 18 de junho na UFSC, onde acontecem também discussões sobre produções cinematográficas, recursos e projetos para incentivo das manifestação da sétima arte no Brasil.

O filme Cabeça a Prêmio, inspirado na obra do escritor Marçal de Aquino e dirigido por Marco Ricca, seu primeiro trabalho como diretor, foi exibido na noite de estréia do Festival e assistido por cerca de mil e quatrocentos espectadores. O enredo tem a atuação de Eduardo Moscovis e Cássio Gabus Mendes, “capangas” da família Menezes. interpretada por Fúlvio Stefanini e Otávio Muller, que atuam como poderosos fazendeiros da Região centro-oeste do Brasil. No papel de filha de um desses poderosos se encontra Alice Braga, que tem um caso com um dos empregados, interpretado pelo uruguaio Daniel Hendler.


Fóruns discutem desenvolvimento do cinema




Uma importante discussão teve início às 15 horas de segunda, 14 de junho, na sala Aroeira durante um dos Fóruns sobre a Indústria do Audiovisual e Economia. O debate reuniu Alessandra Meleiro, pós-doutoranda pela Universidade de Londres, o professor Dr. João Massarolo e o diretor da Ancine Mário Diamante, bacharel em Comunicação Social pela Universidade Católica do Rio de Janeiro.

Mário contou com o apoio de números e comparações para falar sobre a evolução do cinema no Brasil, relatando através de gráficos a situação anterior e posterior às Leis de Incentivo do Governo Federal, bem como outros fatores como os programas especiais de fomento. Disse também que o objetivo geral da Ancine, com o Programa “Cinema perto de Você”, é acelerar o crescimento da produção de audiovisual no país, criando oportunidades para o seu desenvolvimento e oportunizando bons produtores e diretores a apresentarem seus projetos para análise de uma comissão responsável, que resulta em oportunidade de aprovação com a intenção de conseguir o financiamento necessário para a execução do projeto.

Em contraponto, Alessandra Meleiro, falou sobre a qualificação de quem está envolvido com o setor. Para ela, não basta apenas mandar um projeto; ele deve ser interessante. “Muitos projetos são rejeitados e isso só acontece devido à falta de qualidade dos materiais”. Não é porque existe uma verba destinada para a execução dessa atividade que pode ser utilizada em um filme que não tem um projeto plausível de execução, acrescentou.

Já João Massarolo, professor da Universidade Federal de Santa Catarina, disse que vê o cinema como uma franquia, na qual o produtor que pensa só em uma obra fica longe de outras visões. “Não existe mais obra única, e sim obra unitária”. Segundo ele, quem fica muito tempo desenvolvendo apenas um único projeto, como um filme, acaba se reduzindo a ele e glorificando-o. A sua idéia de franquia remete a algo padronizado, certamente bem elaborado.

O desenvolvimento de várias obras, com ou sem um destino específico, como um documentário ou um filme que faça referência a algo escrito por outro autor, faz das mostras de curtas-metragens um fantástico espetáculo da visão humana, onde os autores criam suas obras, que passaram por um crivo e expõem seu trabalho para avaliação pública. É mais um aprendizado com a mostra, que atrai as mais diferentes visões entre o público apreciador da arte, reunido em Florianópolis.

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